sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A trajetória histórica da sexualidade humana, parte 1

Em nossa cultura, a assim denominada “Cristã Ocidental” que tem suas bases no judaísmo e cristianismo de um lado e na cultura grego-romana de outro, a sexualidade vem sendo historicamente alvo de intensa repressão. O exercício da sexualidade por mero prazer, sem fins reprodutivos, sempre foi reprimido considerado imoral, sujo e pecaminoso... tudo isso em consequência de nossas origens, de fato, formas de expressão da sensualidade e de erotismo tais como a masturbação, a homossexualidade e outras são até hoje alvo de preconceitos pelas estruturas sociais mais conservadoras. Assim, é de se notar que a história da sexualidade é rica em significados e faz parte da vida do homem. Desde o surgimento da humanidade existe a constante busca de explicações sobre a sexualidade, assim como o nascimento o sexo esta devidamente relacionado à vida dos seres humanos e de todas as raças tornando-se um estímulo para a relação sexual, como algo instintivo. Diante desta constatação, embora a vida na terra já exista há cerca de 4 bilhões de anos é a reprodução sexuada a pelo menos 1,5 bilhões de anos, foi apenas com espécie muito próxima da nossa que ocorreu a desvinculação entre sexo e reprodução. Pouco sabe-se sobre o exercício da sexualidade pelos hominídeos que antecederam nossa espécie, mas é esperável que desde ao menos o homo habilis (2 milhões de anos) se não entre antepassados ainda mais remotas que esse fato tenha ocorrido. No entanto, alguns estudos apontam que com o surgimento ao homo sapiens, surgiu entre as fêmeas a possibilidade de relações sexuais prazerosas independente da possibilidade de reprodução. Graças a sutis mudanças na anatomia e na fisiologia dos órgãos envolvidos, tornou-se possível que as fêmeas de nossa espécie pudessem usufruir de atividade sexual independente de estarem ou não em seus períodos férteis. Por isso somos os únicos seres a manter relações sexuais durante a gestação ou mesmo após a cessação das possibilidades de reprodução (menopausa). Logo, de acordo com Vitiello (2001) nossa espécie é a única dentre as que povoam o planeta a ter a oportunidade de buscar os prazeres do sexo sem arcar com o ônus único da reprodução. Se entre as outras espécies só é possível o sexo-reprodução, para nós se abrem outras oportunidades, podendo-se mesmo falar em sexo-afeto, sexo-amor e diversas outras indicações para a prática da sexualidade inclusive aquela visando remuneração, no eufemisticamente denominada de “a mais velha das profissões” (a prostituição). Neste contexto, vale ressaltar também que no desenvolvimento da história a sexualidade apresentou-se sobre maneira de cunho machista, em que negou sempre a possibilidade de prazer feminino associado ao exercício da sexualidade, com isso nossa cultura coloca polaridades entre a sexualidade masculina e feminina, onde Itoz (1999) nos coloca que o homem de acordo com a história exerce papel mais ativo possui sexualidade mais focalizada (genital) uma vivência mais objetiva, com sua genitalidade maior que a sexualidade com atitudes básicas de conquistas e poder, por outro lado percebe-se que a mulher exerce um papel mais passivo possui sexualidade mais difusa (corpo todo) com sua sensualidade maior que a genitalidade e com atitudes básicas de trocas. Em suma, o caracter machista das relações interpessoais apresenta-se como elemento marcante na história das sociedades e influências sexuais. Neste sentido, para melhor compreendermos a trajetória da sexualidade humana é fundamental utilizarmos a análise de Lapate ( 1996) em que este divide em vários momentos: Os Hebreus • No gênese a sexualidade é descrita como desejada por deus e criada como algo bom. • Nas passagens bíblicas se observa uma estreita relação entre o sexo e a reprodução através do casamento. • Os hebreus se casavam muito jovem e não era fator primordial nessa união o sensual ou o amor. • A virgindade era valorizada ao extremo e deveria ser mantida até o matrimônio. • O homem poderia ter no casamento sexo apenas para reprodução, mas em função de outras práticas também tinha oportunidades de desenvolver sentimentos profundos de amor e de prazer sensual. Os Gregos • O amor na Grécia Clássica era peculiar e bastante diverso dos conceitos de amor em geral. • O prazer advindo da sexualidade propunham-no apenas para os homens que o buscavam junto as pornoi e as hetairas, nunca em suas próprias casas. SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 29 • Homem assumia uma posição especial desde o nascimento. Aprendia música, poesia, aritmética e praticava esportes. • A mulher, ao contrário não recebia qualquer tipo de educação formal. Ficava confinada em casa desde o nascimento até o casamento e nada aprendia além de poucas tarefas domésticas. • Demostines nos dá um retrato fiel dos costumes daquele período em relação a casamento, amor e sexo. As prostitutas, nós conservamos pelo prazer, as concubinas para cuidar de nossa pessoa e as esposas para nos proporcionar filhos legítimos e cuidar da nossa casa. Os Romanos • Algumas transformações ocorreram com as primeiras grurras púnicas (sec.IIIa.C.) a mulher tinha mais possibilidades de educação e de desenvolver seus atrativos pessoais. • Os jovens romanos tinham melhor oportunidade do que os gregos para encontrar no casamento uma união de AMOR e PRAZER. • Os romanos eram rigorosamente monógamos. • O casamento era uma questão pessoal e não requeria uma sanção religiosa ou governamental, apenas, o consentimento paterno. • Com o império romano concretiza-se a mulher como objeto. O sexo pode ser vendido e comprado, através da relação vencedor-vencido, quando os senhores romanos vendem como escravas as mulheres dos povos conquistados.