Muitos pacientes com morte cerebral apresentam movimentos espontâneos, tais como dedos das mãos que se esticam e dedos dos pés que se curvam, o que pode ser um distúrbio para os membros da família e profissionais de saúde, fazendo até mesmo com que se questione o diagnóstico de morte cerebral. Este movimento ocorre em 39% destes pacientes, de acordo com um novo estudo publicado hoje no Neurology, jornal científico da American Academy of Neurology. "As pessoas precisam saber que esses movimentos são reflexos que não envolvem qualquer atividade cerebral" diz o autor do estudo - neurologista José Bueri, do Hospital J. M. Ramos Mejia de Buenos Aires.
Foram avaliados 38 pacientes nesta condição durante um período de 18 meses e 15 apresentaram esses movimentos motores. Em todos os casos, os movimentos foram observados nas primeiras 24 horas após o diagnóstico de morte cerebral e nenhum movimento foi notado após 72 horas. Alguns ocorriam espontaneamente; outros eram frutos de toque. Os pesquisadores utilizaram testes para incitar os movimentos, tais como o levantamento dos braços ou pernas ou o toque na palma na mão.
Eletroencefalogramas não demonstraram qualquer atividade cerebral. Um dos movimentos mais assustadores para os membros da família e profissionais de saúde é aquele denominado "Sinal de Lázaro". É uma seqüência de movimentos que dura alguns segundos e que pode ocorrer em alguns pacientes com porte cerebral, espontaneamente ou logo após a desconexão do ventilador. Recebe esse nome em virtude do episódio bíblico em que Lázaro é trazido novamente à vida. Inicia-se pela extensão dos braços, seguido pelo cruzamento ou toque dos mesmos no peito, finalmente repousando junto ao tronco.